segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um violeiro toca*

*Crônica publicada na edição nº 1125 do Jornal Observador. Foto by Flávio Mantovani 

Noite fria de junho. No pequeno palco, violas formam um semicírculo ao redor do homem que é o dono da noite. De chapéu, calça jeans surrada e botina de lida, o hábil instrumentista prova que está plenamente conectado à cultura pantaneira tão presente em sua obra. É amparado por músicos competentes, cada um em seu respectivo banquinho, reforçando ainda mais a atmosfera intimista da apresentação.

É a segunda vez que vou a um show de Almir Sater. A primeira foi no ano passado num clube em Santa Cruz do Rio Pardo.  Já o de Cerqueira César é aberto ao público.

Mesmo com tanta gente, a apresentação não perde o clima banquinho e violão, aliás, viola. A parafernália técnica distribuída no palco se resume ao essencial e não há o menor risco de topar com idiotices do tipo “só vocês” ou “joga a mão pra cima e vai”. O intelecto agradece. É que quando a música está em primeiro plano, meu caro, subterfúgios são dispensáveis.  

E que música. Almir Sater funde suas referências regionais ao rock, ao blues, ao folk, arrematando o caldo sonoro com doses vigorosas de virtuosismo.

Embora sua poesia seja igualmente esplendorosa, o violeiro costuma dizer que a melodia, por si só, é algo sagrado. Por isso executa tantos números instrumentais, o que pode chatear quem estava lá só para ouvir os sucessos.

Se como admirador já foi um prato cheio, imagine para um aspirante a músico como eu. Para aproveitar ao máximo a ocasião, coloquei em prática a ousadia de jornalista e acompanhei a apresentação de cima do palco.

Foi um belo batismo para a minha nova Nikon, que debutava na ocasião. 


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