*Crônica publicada na edição nº 1125 do Jornal Observador. Foto by Flávio Mantovani
Noite fria de junho. No pequeno palco, violas formam um
semicírculo ao redor do homem que é o dono da noite. De chapéu, calça jeans
surrada e botina de lida, o hábil instrumentista prova que está plenamente
conectado à cultura pantaneira tão presente em sua obra. É amparado por músicos
competentes, cada um em seu respectivo banquinho, reforçando ainda mais a
atmosfera intimista da apresentação.
É a segunda vez que vou a um show de Almir Sater. A
primeira foi no ano passado num clube em Santa Cruz do Rio Pardo. Já o de
Cerqueira César é aberto ao público.
Mesmo com tanta gente, a apresentação não perde o clima
banquinho e violão, aliás, viola. A parafernália técnica distribuída no palco
se resume ao essencial e não há o menor risco de topar com idiotices do tipo
“só vocês” ou “joga a mão pra cima e vai”. O intelecto agradece. É que quando a
música está em primeiro plano, meu caro, subterfúgios são dispensáveis.
E que música. Almir Sater funde suas referências regionais
ao rock, ao blues, ao folk, arrematando o caldo sonoro com doses vigorosas de
virtuosismo.
Embora sua poesia seja igualmente
esplendorosa, o violeiro costuma dizer que a melodia, por si só, é algo
sagrado. Por isso executa tantos números instrumentais, o que pode chatear quem
estava lá só para ouvir os sucessos.
Se como admirador já foi um prato cheio, imagine para um
aspirante a músico como eu. Para aproveitar ao máximo a ocasião, coloquei em
prática a ousadia de jornalista e acompanhei a apresentação de cima do palco.
Foi um belo batismo para a minha nova Nikon, que debutava
na ocasião.
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